domingo, 7 de agosto de 2011

Entrevista Luiz Felipe Pondé à Veja

Luiz Felipe Pondé (foto), 52, é um raro exemplo de filósofo brasileiro que consegue conversar com o mundo para além dos muros da academia. Seja na sua coluna semanal na Folha de S.Paulo, seja em livros como o recém-lançado O Catolicismo Hoje (Benvirá), ele sabe se comunicar como o grande público sem baratear suas ideias. Mais rara ainda é sua disposição para criticar certezas e lugares-comuns bem estabelecidos entre seus pares. Pondé é um crítico da dominância burra que a esquerda assumiu sobre a cultura brasileira. Professor da Faap e da PUC, em São Paulo, Pondé, em seus ensaios, conseguiu definir ironicamente o espírito dos tempos descrevendo um cenário comum na classe média intelectualizada: o jantar inteligente, no qual os comensais, entre uma e outra taça de vinho chileno, se cumprimentam mutuamente por sua “consciência social”. Diz Pondé: “Sou filósofo casado com psicanalista. Somos convidados para muitos jantares assim. Há até jantares inteligentes para falar mal de jantares inteligentes. Estudioso de teologia, Pondé considera o ateísmo filosoficamente raso, mas não é seguidor de nenhuma religião em particular. Eis um pensador capaz de surpreender quem valoriza o rigor na troca de ideias.


Em seus ensaios, o senhor delineou um cenário exemplar do mundo atual: o jantar inteligente. O que vem a ser isso?

É uma reunião na qual há uma adesão geral a pacotes de ideias e comportamentos. Pode ser visto como a versão contemporânea das festas luteranas nas Dinamarca do Século 19, que o filósofo Soren Kierkegaard criticava por sua hipocrisia. Esse vício migor de um cenário no qual o cristianismo era base da hipocrisia para uma falsa espiritualidade de esquerda. Como a esquerda não tem a tensão do pecado, ela é pior do que o cristianismo.

Como assim?

A esquerda é menos completa como ferramenta cultural para produzir uma visão de si mesma. A espiritualidade de esquerda é rasa. Aloca toda a responsabilidade do mal fora de você: o mal está na classe social, no capital, no estado, na elite. Isso infantiliza o ser humano. Ninguém sai de um jantar inteligente para se olhar no espelho e ver um demônio. Não: todos se veem como heróis que estão salvando o mundo por andar de bicicleta.

Quais são os temas mais comuns da conversa em um jantar desses?

Filhos são um tema recorrente. Todos falam de como seus filhos são diferentes dos outros porque frequentam uma escola que cobra R$ 2.000 por mês, mas é de esquerda e estuda a sério o inviável modelo econômico cubano. Ou dizem que a filha já tem consciência ambiental e trabalha e uma ong que ajuda as crianças da África. Também se fala sempre de algum filme chatíssimo de que todos fingem ter gostado para mostrar como têm repertório. Mais timidamente, há certa preocupação com a saúde e o corpo. Reciclar lixo, e mais recentemente, andar de bicicleta também são temas valorizados. Sempre se fala mal dos Estados Unidos, mas Barack Obama é um deus. Fala-se mal de Israel, sem conhecer patativa da história do conflito israelo-palestino. Mas, claro, é obrigatório enfatizar que você é antissionista, mas não antissemita, pois em jantar inteligente muito provavelmente haverá um judeu – apesar de serem muitas vezes judeus em crise consigo mesmos, o que é bem típico dos judeus.

Que assuntos são tabus?

Imagine dizer em uma reunião na Dinamarca luterana de Kierkegaard que algumas mulheres são infelizes porque não chegam ao orgasmo. Seria um escândalo. Simetricamente, hoje é um escândalo dizer que as mulheres emancipadas e donas de seu nariz estão mesmo é loucas de solidão. No jantar inteligente, você tem sempre de dizer que a emancipação feminina criou problemas para as mulheres, que os homens aprenderam a ser sensíveis e que uma mulher nunca vai dar um pé no homem que se mostre sensível demais. Os jantares inteligentes misturam cardápios interessantes — pratos peruanos ou, sei lá, vietnamitas – como papo-cabeça, mas servem à mesma função que os jantares dos pais dessas pessoas cumpriam: passar o tempo. Os problemas amorosos, sexuais e profissionais são os mesmos, mas todos se acham bem resolvidos. Costumo provocar dizendo que há 100 anos se fazia sexo melhor. Tinha mais culpa e pecado, o que deve ser uma excitação tremenda. Hoje, todos mundo diz que tem um desempenho maravilhoso, e que vive uma relação de troca plena com o seu parceiro ou parceira. Eu considero a revolução sexual um dos maiores engodos da história recente. Criou uma dimensão de indústria, no sentido da quantidade, das relações sexuais – mas na maioria elas são muito ruins, porque as pessoas são complicadas.

Quando começaram os jantares inteligentes?

A matriz histórica são os filósofos da França pré-revolucionária. Os saraus, os jantares em casa de condessas e marquesas eram então uma atividade da burguesia, ou de uma aristocracia falida, aburguesada. Eram uma das formas que a burguesia usava para constituir sua identidade, para mostrar que tinha cultura e opiniões. Mas era um grupo de vanguarda, que discutia a fratura e crises do pensamento. Nos jantares de hoje, a inteligência tem a mesma função do vinho chileno.

Não há lugar para um pensamento alternativo nem na hora da sobremesa?

Não. A gente anos de ditadura no Brasil. Mas, quando ela acabou, a esquerda estava em sua plenitude. Tomou conta das universidades, dos institutos culturais, das redações de jornal. Você pode ver nas universidades, por exemplo, cartazes de um ciclo de palestras sobre o pensamento de Trotsky e sua atualidade, mas não se veem cartazes anunciando conferência sobre a crítica à Revolução Francesa de Edmund Burke, filósofo irlandês fundamental para entender as origens do conservadorismo. Não há um pensamento alternativo à tradição de Rousseau, de Hegel e de Marx. Tenho um amigo que é dono de uma grande indústria e cuja filha estuda em um colégio de São Paulo que nem é desses chiques de esquerda. É uma escola bastante tradicional. Um dia, uma professora falava da Revolução Cubana, como se esse fosse um grande tema. Ela citou Che Guevara, e a menina perguntou: “Ele não matou muita gente?” A professora se vira para a menina e responde: “O seu pai também mata muita gente de fome”. O que autorizou uma professora usar esse tipo de argumento é o status quo que se instalou também nas escolas, e não só na universidade. O infantilismo político dá vazão e legitima esse tipo de julgamento moral sumário.

Como essa tendência se manifesta na universidade?

O mundo das ciências humanos, em que há pouco dinheiro e se faz pouca coisa, é dominado pela esquerda aguada. Há muitos corporativismo e a tendência geral de excluir, por manobras institucionais, aqueles que não se identificam com a esquerda. Existe ainda a nova esquerda, para a qual não é mais o proletariado que carrega o sentido da história, como queria Marx. Os novos esquerdistas acreditam que esse papel hoje cabe às mulheres oprimidas, aos índios, aos aborígenes, aos imigrantes ilegais. Esses segmentos formariam a nova classe sobre a qual estaria depositada a graça redentora. Eu detesto política como redenção.

Por que a política não pode ser redentora?

O cristianismo, que é uma religião hegemônica no Ocidente, fala do pecador, de sua busca e de seu conflito interior. É uma espiritualidade riquíssima, pouco conhecida por causa do estrago feito pelo secularismo extremado. Al lado de sua vocação repressora institucional, o cristianismo reconhece que o homem é fraco, é frágil. As redenções políticas não têm isso. Esse é um aspecto do pensamento de esquerda que eu acho brega. Essa visão do homem se responsabilidade moral. O mal está sempre na classe social, na relação econômica, na opressão do poder. Na visão medieval, é a graça de Deus que redime o mundo. É um conceito complexo e fugidio. Não se sabe se alguém é capaz de ganhar a graça por seus próprios méritos, ou se é Deus na sua perfeição que concede a graça. Em qualquer hipótese, a graça não depende de um movimento positivo de um grupo. Na redenção política, é sempre o coletivo, o grupo, que assume o papel de redentor. O grupo, como a história do século 20 nos mostrou, é sempre opressivo.

Em que o cristianismo é superior ao pensamento de esquerda?

Pegue a ideia de santidade. Ninguém, em nenhuma teologia da tradição cristã – nem da judaica ou islâmica –, pode dizer-se santo. Nunca. Isso na verdade vem desde Aristóteles: ninguém pode enunciar a própria virtude. A virtude de um homem é anunciada pelos outros homens. Na tradição católica – o protestantismo não tem santos –, o santo é sempre alguém que, o tempo todo, reconhece o mal em si mesmo. O clero da esquerda, ao contrário, é movido por um sentimento de pureza. Considera sempre o outro como o porco capitalista, o burguês. Ele próprio não. Ele está salvo, porque reclica lixo, porque vota no PT, ou em algum partido que se acha mais puro ainda, como o PSOL, até porque o PT já está meio melado. Não há contradição interior na moral esquerdista. As pessoas se autointitulam santas e ficam indignadas com o mal do outro.

Quando o cristianismo cruza o pensamento de esquerda, como no caso da Teologia da Libertação, a humildade se perde?

Sim. Eu vejo isso empiricamente em colegas da Teologia da Libertação. Eles se acham puros. Tecnicamente, a Teologia da Libertação é, por um lado, uma fiel herdeira da tradição cristã. Ela vem da crítica social que está nos profetas de Israel, no Antigo Testamento. Esses profetas falam mal do rei, mas em idealizar o povo. O cristianismo é descendente principalmente desse viés do judaísmo. Também o cristianismo nasceu questionando a estrutura social. Até aqui, isso não me parece um erro teológico. Só que a Teologia da Libertação toma como ferramenta o marxismo, e isso sim é um erro. Um cristão que recorre a Marx, ou a Nietzsche – a quem admiro –, é como uma criança que entra na jaula do leão e faz bilu-bilu na cara dele. É natural que a Teologia da Libertação, no Brasil, tenha evoluído para Leonardo Boff, que já não tem nada de cristão. Boff evoluiu para um certo paganismo Nova Era – e já nem é marxista tampouco. A Teologia da Libertação é ruim de marketing. É como já se disse: enquanto a Teologia da Libertação fez a opção pelo pobre, o pobre fez a opção pelo pentecostalismo.

O senhor acredita em Deus?

Sim. Mas já fui ateu por muito tempo. Quando digo que acredito em Deus, é porque acho essa uma das hipóteses mais elegantes em relação, por exemplo, à origem do universo. Não é que eu rejeite o acaso ou a violência implícitos no darwinismo – pelo contrário. Mas considero que o conceito de Deus na tradição ocidental é, em termos filosóficos, muito sofisticado. Lembro-me sempre de algo que o escritor inglês Chesterton dizia: não há problema em não acreditar em Deus; o problema é que quem deixa de acreditar em Deus começa a acreditar em qualquer outra bobagem, seja na história, na ciência ou sem si mesmo, que é a coisa mais brega de todas. Só alguém muito alienado pode acreditar em si mesmo. Minha posição teológica não é óbvia e confunde muito as pessoas. Opero no debate público assumindo os riscos do niilista. Quase nunca lanço a hipótese de Deus no debate moral, filosófico ou político. Do ponto de vista político, a importância que vejo na religião é outra. Para mim, ela é uma fonte de hábitos morais, e historicamente oferece resistência à tendência do Estado moderno de querer fazer a cura das almas, como se dizia na Idade Média – querer se meter na vida moral das pessoas.

Por que o senhor deixou de ser ateu?

Comecei a achar o ateísmo aborrecido, do ponto de vista filosófico. A hipótese de Deus bíblico, na qual estamos ligados a um enredo e um drama morais muito maiores do que o átomo, me atraiu. Sou basicamente pessimista, cético, descrente, quase na fronteira da melancolia. Mas tenho sorte sem merecê-la. Percebo uma certa beleza, uma certa misericórdia no mundo, que não consigo deduzir a partir dos seres humanos, tampouco de mim mesmo. Tenho a clara sensação de que às vezes acontecem milagres. Só encontro isso na tradição teológica



Fonte: http://www.blogdokimos.com/
via : http://praxiscrista.blogspot.com/

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Apóstolo Valdomiro - O homem que multiplica fiéis


Com esse tema, a revista Isto É na edição 2151 do dia 28 de Janeiro de 2011, publicou uma reportagem especial com e sobre o Apóstolo Valdemiro Santiago, líder da Igreja Mundial, e um dos mais famosos televangelistas da atualidade. Nos dias 9 e 11 de janeiro, quando a reportagem de ISTOÉ acompanhou os cultos na sede mundial da IMPD, no Brás, uma antiga fábrica comprada por R$ 60 milhões em 60 parcelas de R$ 1 milhão, o apóstolo faturou sobre essa exposição em horário nobre. “Ninguém pode dizer que sou um sujeito dotado de uma inteligência, uma sabedoria”, disse Santiago à ISTOÉ, currículo escolar findo no quinto ano do ensino fundamental, mas alinhado em um terno bem cortado, gravata, camisa com abotoaduras douradas e sapatos tamanho 44 impecáveis. “Quem olha a minha vida e faz uma análise não tem como não glorificar Deus.”

De fato, o garoto que perdeu a mãe aos 12 anos e caminhava oito quilômetros por dia para levar marmita para os familiares na roça lidera, hoje, um império religioso que conta com três mil igrejas espalhadas pela América do Sul e do Norte, Europa, Ásia e África e 4,5 milhões de fiéis, de acordo com dados da própria IMPD. Treze anos depois de fundar a Mundial, o homem que gosta de cultivar a fama de matuto mora em um condomínio de luxo em Barueri, na Grande São Paulo, e tem na garagem três carros importados blindados – uma Land Rover, um Toyota e um Peugeot. Motoristas e seguranças particulares estão sempre à sua disposição. Helicópteros e um jato particular também. A Igreja Mundial, por sua vez, tem inaugurado um novo templo por semana e honra, mensalmente, uma despesa em torno de R$ 40 milhões. O dinheiro da igreja vem, principalmente, do dízimo arrecadado. Membros da IMPD estimam receber de doação em seus cultos uma média de R$ 10 por fiel. Há, ainda, envelopes nas cores ouro, prata e bronze. Pastores afirmam que a diferenciação não está diretamente ligada ao valor a ser dado à igreja. Segundo eles, cada tipo de envelope contém uma mensagem diferente. Nesse primeiro mês de 2011, o apóstolo reforçou o pedido por doações argumentando despesas com emissoras de tevê e rádio. “Ano novo, contratos novos e reajustados... Essa semana preciso muito de sua ajuda. Quem pode trazer até terça-feira R$ 100?”, perguntou Santiago. A quantia foi diminuindo à medida que o tempo ia passando. “E uma oferta mínima de R$ 30? Quem puder, fique de pé que o obreiro irá dar o envelope.” É a mística de milagreiro de Santiago a chave de seu sucesso e a responsável pelo fenômeno da multiplicação de fiéis à sua volta. E a televisão amplifica em doses continentais esse poder de comunicação inato do líder evangélico. Atualmente ele ocupa 22 horas diárias na programação da Rede 21, que pertence ao grupo Bandeirantes, ao custo de R$ 6 milhões mensais. Com mais R$ 101 mil por mês, pagos à Multichoice, empresa sul-africana distribuidora de sinal, também está no ar em Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Líbia, Zimbábue e Botswana. Na telinha, o que se vê são os cultos de Santiago em seus templos. Para isso, a performance do pastor é acompanhada, minuto a minuto, por fotógrafo e uma equipe de cinegrafistas, que registram tudo para ser divulgado, além da tevê, no jornal, na revista e na rádio da igreja. Na África do Sul, a Mundial possui uma hora de programação na TV Soweto, ao custo de R$ 59 mil mensais. Em Maputo, a capital de Moçambique, uma tevê e uma rádio já estão sob o domínio da corrente evangélica do ex-roceiro, fissurado, segundo palavras dos próprios membros da igreja, por se comunicar com os súditos via tevê. Afinal, se em um templo como o do Brás o apóstolo consegue falar para 30 mil pessoas, no ar, citando apenas os que possuem antena parabólica no Brasil, ele chega a 25 milhões de lares via Rede 21.

Meu comentário: Tirando alguns erros como alguns dados numéricos meio estranhos como considerar a Mundial com 3,5 milhões de membros e a Universal com 8 milhões, a matéria até que foi interessante. Na minha opinião Valdomiro é uma mistura de Edir Macedo (IURD) com David Miranda (Deus é Amor). Sem dúvida, um fenônemo midiático, que conta na sua retaguarda com pessoas com experiência no meio neopentecostal como Ronaldo Didini, seu atual braço direito, e que também foi pupilo de Macedo, passando depois pela Igreja Internacional da Graça e até pela Assembléia de Deus. A reportagem diz que durante anos, as Igrejas Neopentecostais, tiravam fiéis da Igreja Católica, agora estão tirando entre si. Continua dizendo que Valdomiro tem tirado membros da Universal e da Renascer, entre outras.

vi no: http://juberdonizete.blogspot.com/

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O cristão...


O cristão é aquele que assume a existência do próprio Cristo, procurando viver sua atitude fundamental, buscando ser alguém para os outros. Desse modo, a experiência da ação salvífica a de Deus em nós é uma experiência da ação do Espírito que nos leva a sair de nós mesmos, a superar nossos limites, a comprometer-nos e entregar-nos aos outros.

MÁRIO DE FRANÇA MIRANDA


 
É aquele que dá a mão ao próximo e vira o rosto para não ser identificado;
 é aquele que antes de olhar para si, vê o próximo;
é aquele que está faminto, mas divide seu único alimento;
é aquele que opta pelo menos favorecido não por dó, mas por naturalidade de índole 
é o que ajuda sem esperança de recompensas
é aquele que vive a fé em Deus e no próximo

NILTON RODRIGUES 

 

terça-feira, 18 de maio de 2010

GRANDE MALANDRAGEM



Como impedir que o “comunismo” tome conta do mundo? Alguns bolaram a fórmula com apenas dois ingredientes. A educação e a grana. Numa frase: eduque as crianças dos pobres e distribua dinheiro aos pais delas.

Para essa corrente, se você pegar as crianças das favelas e enchê-las de cultura capitalista, elas darão gargalhadas ao ler os livros marxistas. Se distribuir dinheiro para custear as necessidades básicas dos pais dessas crianças, já que eles não têm capacidade para desenvolver negócios lucrativos, jamais sairão por aí com camisetas de Che Guevara.

Se as crianças dos pobres forem adotadas pelas elites, diz essa ardilosa filosofia anticomunista, elas não sentirão nenhuma revolta que as possa levar, no futuro, a derrubar o reino do capital. E todos viverão felizes, nadando em dinheiro e bem-educados. Claro, é furada. Outra hora a gente explica por que.

A parte da educação veio em 1959, com Robert Young: “A melhor maneira de derrotar a oposição é apropriar-se das e educar as melhores crianças das classes baixas enquanto ainda são pequenas”.

Mas o que interessa a capitalistas nesta hora de crise financeira é sempre dinheiro, grana, bufunfa... O que nos leva a uma questão contemporânea altamente complexa: o que o premiado economista burguês Milton Friedman e o popularesco Lula têm em comum?

O imposto de renda negativo (ou renda mínima), a origem do Bolsa-Família, foi uma criação muito malandra dos ideólogos capitalistas liberais. A coisa foi bolada pelo casal Mabel e Dennis Milner, em 1919, ao propor um dividendo social igual para todos. Um dia ela seria recomendada por um deles a FHC, o pai político de Lula (haja complexo de Édipo!), e assim surgiu o Bolsa-Escola.

Defendida por um Prêmio Nobel de Economia, Milton Friedman, o queridinho de Richard Nixon e madame Thatcher, a renda mínima foi introduzida nos EUA pelo senador Russell Long, através do Crédito Fiscal por Remuneração Recebida (que apelidaremos Bolsa-Grana).

É um imposto de renda negativo para famílias com ganho anual inferior a US$ 26.673, que se tornou lei em 1975 no governo Ford. O Bolsa-Grana foi aumentado por iniciativa dos presidentes Ronald Reagan (1986), George Bush (1990) e Bill Clinton (1993).

Pondo tudo isso num caldeirão e alimentando o fogo com exemplares de O Capital, o astuto James E. Meade apresentou a nova gororoba em sua obra de 1993: Liberty, Equality and Efficiency (Liberdade, Igualdade e Eficiência). Thomas Morus foi decapitado por propor uma sociedade justa, mas Meade será endeusado se sua proposta de criar Agathotopia emplacar.

Agathotopia é um mundo com preços e salários flexíveis. Os empresários espertos e os trabalhadores bobinhos são sócios e há um dividendo mínimo igual para todos. Ou seja, há liberdade, igualdade e os mais eficientes ganham mais sem que os incapazes morram à míngua. É o que Cuba seria se fosse rica e não tivesse um monstruoso inimigo a asfixiando.

Pois bem, foi isso o que o professor Albert Hirschman, um ás capitalista, sugeriu ao ex-presidente FHC, com minha tradução canhestra: “Copie a Bolsa Grana (EITC), a maior realização do presidente Clinton”. FHC assim fez. E Lula, como principal agente do anticomunismo no Brasil, também gostou desse truque de distribuir dinheiro. Migalhinhas ao povo, fortunas aos banqueiros.
Por: Alceu A. Sperança

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Atualidade da doutrina da justificação

Vivemos numa sociedade que cultua a eficácia e a produtividade, na qual o que conta é a capacidade profissional, o lucro o êxito. uma sociedade fria e exigente, em que o ser humano para ser alguém, para alcançar sua identidade deve se submeter a uma rigorosa disciplina que o escraviza e desumaniza. No fundo, somos escravos da produção, do trabalho, do sucesso, da competição. Para podermos justificar-nos em nossa existência só nos resta produzir. 
Mário de França Miranda in:
A salvação de Jesus Cristo, p. 123

sábado, 13 de março de 2010

Campanha contra redução da maioridade penal: entidades resgatam pensamento do sociólogo Betinho

Com intensa mobilização contra a redução da maioridade penal no Brasil, diversas entidades que compõem o Fórum de Entidades da Psicologia Brasileira, o FENPB, lançam neste mês a campanha “Entidades da Psicologia em campanha contra a redução da maioridade penal!”. Resgatando o pensamento do sociólogo falecido em 1997, Herbert de Souza, o Betinho, do Instituto Ibase – “Se não vejo na criança, uma criança, é porque alguém a violentou antes; e o que vejo é o que sobrou de tudo o que lhe foi tirado” – as entidades deflagraram a campanha contra a redução da maioridade penal.

Assinam a campanha contra a redução da maioridade de penal as seguintes entidades da Psicologia brasileira:
Associação Brasileira de Ensino de Psicologia – ABEP
Associação Brasileira de Orientação Profissional – ABOP
Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental – ABPMC
Associação Brasileira de Psicologia Política – ABPP
Associação Brasileira de Neuropsicologia – ABRANEP
Associação Brasileira de Psicoterapia – ABRAP
Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional – ABRAPEE
Associação Brasileira de Psicologia do Esporte – ABRAPESP
Associação Brasileira de Psicologia Social – ABRAPSO
Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia – ANPEPP
Conselho Federal de Psicologia – CFP
Coordenação Nacional dos Estudantes de Psicologia – CONEP
Federação Nacional dos Psicólogos – FENAPSI
Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica – IBAP
Sociedade Brasileira de Psicologia do Desenvolvimento – SBPD
Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar – SBPH
Sociedade Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho – SBPOT
Sociedade Brasileira de Psicologia e Acupuntura – SOBRAPA

Conheça as 10 razões da Psicologia contra a redução da maioridade penal:

1. A adolescência é uma das fases do desenvolvimento dos indivíduos e, por ser um período de grandes transformações, deve ser pensada pela perspectiva educativa. O desafio da sociedade é educar seus jovens, permitindo um desenvolvimento adequado tanto do ponto de vista emocional e social quanto físico;
2. É urgente garantir o tempo social de infância e juventude, com escola de qualidade, visando condições aos jovens para o exercício e vivência de cidadania, que permitirão a construção dos papéis sociais para a constituição da própria sociedade;
3. A adolescência é momento de passagem da infância para a vida adulta. A inserção do jovem no mundo adulto prevê, em nossa sociedade, ações que assegurem este ingresso, de modo a oferecer – lhe as condições sociais e legais, bem como as capacidades educacionais e emocionais necessárias. É preciso garantir essas condições para todos os adolescentes;
4. A adolescência é momento importante na construção de um projeto de vida adulta. Toda atuação da sociedade voltada para esta fase deve ser guiada pela perspectiva de orientação. Um projeto de vida não se constrói com segregação e, sim, pela orientação escolar e profissional ao longo da vida no sistema de educação e trabalho;
5. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) propõe responsabilização do adolescente que comete ato infracional com aplicação de medidas socioeducativas. O ECA não propõe impunidade. É adequado, do ponto de vista da Psicologia, uma sociedade buscar corrigir a conduta dos seus cidadãos a partir de uma perspectiva educacional, principalmente em se tratando de adolescentes;
6. O critério de fixação da maioridade penal é social, cultural e político, sendo expressão da forma como uma sociedade lida com os conflitos e questões que caracterizam a juventude; implica a eleição de uma lógica que pode ser repressiva ou educativa. Os psicólogos sabem que a repressão não é uma forma adequada de conduta para a constituição de sujeitos sadios. Reduzir a idade penal reduz a igualdade social e não a violência - ameaça, não previne, e punição não corrige;
7. As decisões da sociedade, em todos os âmbitos, não devem jamais desviar a atenção, daqueles que nela vivem, das causas reais de seus problemas. Uma das causas da violência está na imensa desigualdade social e, conseqüentemente, nas péssimas condições de vida a que estão submetidos alguns cidadãos. O debate sobre a redução da maioridade penal é um recorte dos problemas sociais brasileiros que reduz e simplifica a questão;
8. A violência não é solucionada pela culpabilização e pela punição, antes pela ação nas instâncias psíquicas, sociais, políticas e econômicas que a produzem. Agir punindo e sem se preocupar em revelar os mecanismos produtores e mantenedores de violência tem como um de seus efeitos principais aumentar a violência;
9. Reduzir a maioridade penal é tratar o efeito, não a causa. É encarcerar mais cedo a população pobre jovem, apostando que ela não tem outro destino ou possibilidade;
10. Reduzir a maioridade penal isenta o Estado do compromisso com a construção de políticas educativas e de atenção para com a juventude. Nossa posição é de reforço a políticas públicas que tenham uma adolescência sadia como meta.
fonte: http://www.pol.org.br   (20.07.2007)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Your children, Sus hijos, Teus filhos (Kahlil Gibran)

Your children are not your children.
They are the sons and daughters of Life’s longing for itself.
They come through you but not from you,
And though they are with you yet they belong not to you.
You may give them your love but not your thoughts,
For they have their own thoughts.
You may house their bodies but not their souls,
For their souls dwell in the house of tomorrow,
which you cannot visit, not even in your dreams.
You may strive to be like them,
but seek not to make them like you.
For life goes not backward nor tarries with yesterday.
You are the bows from which your children
as living arrows are sent forth.
The archer sees the mark upon the path of the infinite,
and He bends you with His might
that His arrows may go swift and far.
Let your bending in the archer’s hand be for gladness;
For even as He loves the arrow that flies,
so He loves also the bow that is stable.


Sus hijos
Sus hijos no son suyos.
Son los hijos del anhelo de la Vida de sí misma.
Vienen por Uds. pero no de Uds.,
Y aunque están con Uds., Uds. no los poseen a ellos.
Pueden darles su amor pero no sus pensamientos.
Porque ellos tienen sus propios pensamientos.
Uds. pueden alojar sus cuerpos pero no sus almas.
Porque sus almas viven en la casa del día que viene, la cual Uds. no pueden visitar, ni siquiera en los sueños.
Uds. pueden esforzarse por ser como ellos, pero no se esfuercen para que ellos sean como Uds.
Porque la vida no va atrás ni se demora con el ayer.
Uds. son los arcos de los cuales sus hijos como flechas vivas son enviados.
El arquero ve el blanco en el paso del infinito, y Él los dobla a Uds. con Su fuerza para que Sus flechas vayan rápidamente y lejos.
Que su torción en la mano del arquero sea por alegría;
Porque mientras Él ama a la flecha que vuela, también ama el arco que es estable.

Os filhos
Teus filhos não são teus filhos
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de ti, mas não de ti.
E embora vivam contigo, não te pertencem.
Podes dar teu amor, mas não teus pensamentos.
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podes abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã, que não podes visitar nem mesmo em sonho
Podes tentar ser como eles, mas não tente fazê-los como és,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Tu és o arco do qual teus filhos são arremessados como flechas vivas.
O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito e estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem rápido e para longe
Que teu encurvamento na mão do Arqueiro seja tua alegria;
Pois assim como Ele ama a flecha que voa, ama também o arco que permanece estável.

http://paulocoelhoblog.com/2010/02/21/a-long-way-to-go/

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Acerca do trabalho

Sempre percebi que as pessoas que mais falam a respeito do prazer do trabalho são as que menos se esforçam, enquanto os que labutam de sol a sol não expressam o mesmo sentimento . Na verdade existe muito falatório hipócrita a respeito do trabalho. Três quartas partes, e até mais, de tudo isso não passa de trabalho fatigante, e quem realmente trabalha duramente, entende as aspirações do poeta esperando o fim do dia: "Cabeça, mãos e pés, alegrem-se; o trabalho acabou." Não! Não é trabalhando que vivemos, mas a medida, mas à medida que nos alegramos no amor dos outros e do nosso por eles.


Adolf von Harnack

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Ano novo?!?!?!?!



“Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para frente
vai ser diferente.”



Carlos Drumond de Andrade

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

LA VIDA...


La vida es corta
rompa reglas
perdone rápidamente
bese demoradamente, ame verdaderamente
ría incontrolablemente
y nunca deje de sonreír
por mas extraño que sea el motivo. 
La vida no puede ser la fiesta que esperábamos
pero en cuanto estamos aquí, debemos sonreír y dar gracias....  

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A tarefa cristã


“Não somos enviados para pregar sociologia, mas salvação;  não economia, mas evangelização; não reforma, mas redenção; não cultura, mas conversão; não progresso, mas perdão; não uma nova ordem social, mas um novo nascimento; não revolução, mas regeneração; não renovação mas restauração; não renascimento, mas ressurrição; não uma nova organização, mas uma nova criação; não democracia, mas o Evangelho; não civilização, mas Cristo; somos embaixadores, não diplomatas.

  Hugh Thomson Kerr

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Estou com vergonha de ser evangélico

Postado por Augustus Nicodemus Lopes

Leiam o que escreveu Reinaldo Azevedo por conta da presença do "apóstolo" Hernandes, a "bispa" Sônia, junto com outros "bispos" evangélicos, em cerimônia com Lula e Dilma, quando da institucionalização do dia da Marcha para Jesus. Mais importante, leiam os mais de cem comentários. Vocês vão acabar como eu, com vergonha de ser evangélico.

Os apóstolos evangélicos modernos -- bem como o católico -- são um desvio do Evangelho, uma desvalorização da autoridade dos verdadeiros apóstolos cujo ensino se encontra nas Escrituras. Eu sei que nem todos que se arrogam de apóstolo hoje foram apanhados contrabandeando dólares, mas é difícil não pensar que todos eles têm sede de mais poder e mais autoridade na hierarquia que eles mesmos criaram.

"Apóstolos" e "bispos" não representam os evangélicos, são representantes dos neopentecostais, igrejas pós-evangélicas ou neo-evangélicas, das quais os evangélicos históricos, pentecostais, tradicionais, sérios e bíblicos, se distanciam arrepiados, horrorizados e com vergonha. Apesar disto, somos confundidos com eles e sempre sobra para nós. Lula e Dilma têm o direito de receber quem quiserem. Mas, ainda assim, é triste, lamentável, vergonhoso, que "apóstolos" e "bispos", inclusive presos e processados, vão "representando" os evangélicos.

O que está se formando no Brasil é outra coisa diferente de uma igreja evangélica, bíblica, saudável, séria. Conheci na África do Sul a igreja zionista (nada a ver com o movimento pró-Israel), um sincretismo de igreja cristã com religião animista de invocação dos ancestrais. Não se podia dizer que eram realmente cristãos, tal a quantidade de elementos estranhos, pagãos, misturados na sua teologia e prática. É a mesma coisa que está acontecendo aqui no Brasil com estas igrejas neopentecostais. Não tenho a menor idéia onde isto vai parar, mas uma coisa eu sei: a não ser que haja uma profunda interferência da parte de Deus, um movimento de purificação e reforma, dias difíceis estão por vir aos que ainda aderem ao Evangelho puro e simples da graça.

vi no O Tempora, O Mores

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Não quero mais ser evangélico

Sou evangélico, no sentido original da palavra. Evangélico é quem crê e está comprometido em viver o Evangelho (Boas Notícias) do Reino de Deus.

Mas é triste ver como o termo evangélico teve seu significado alterado, distorcido e corrompido. É possível ser “evangélico” e viver sem nenhum compromisso com a Palavra de Jesus. Se é pra ser chamado de evangélico da mesma forma como o termo é usado hoje em dia, prefiro não ser chamado assim. Que me chamem apenas de cristão ou discípulo de Jesus.

Quero postar aqui um resumo de um texto escrito pelo Ariovaldo Ramos que expressa muito bem o que anseio para a Igreja:

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“… Ser evangélico, pelo menos no Brasil, não significa mais, ser praticante e pregador do Evangelho (boas novas) de Jesus Cristo… .

Não quero mais ser evangélico! Quero voltar para Jesus Cristo, para a boa notícia que Ele é, e ensinou. … Voltemos à consciencia de que o caminho, a verdade e a vida é uma pessoa e não um corpo de doutrinas e/ou tradições, nascidas da tentativa de dissecarmos Deus; de que, estar no caminho, conhecer a verdade e desfrutar a vida é relacionar-se intensamente com essa pessoa: Jesus de Nazaré, o Cristo, o Filho do Deus vivo. … Não quero a espiritualidade que se sustenta em prodígios, no mínimo discutíveis, e sim, a que se manifesta no caráter.

… Voltemos à graça, à centralidade da cruz, onde tudo foi consumado. Voltemos à consciência de que fomos achados por Ele, que começou em cada filho Seu algo que vai completar; voltemos às orações e jejuns, não como fruto de obrigação ou moeda de troca, mas, como namoro apaixonado com o Ser amado da alma resgatada.

Voltemos ao amor, à convicção de que, ser cristão, é amar a Deus acima de todas as coisas e, ao próximo, como a nós mesmos; voltemos aos irmãos, não como membros de um sindicato, de um clube, ou de uma sociedade anônima, mas, como membros do corpo de Cristo. Quero relacionar-me com eles como as crianças relacionam-se com os que as alimentam, em profundo amor e senso de dependência; quero voltar a ser guardião de meu irmão e não seu juiz. Voltemos ao amor que agasalha no frio, assiste na dor, dessedenta na sede, alimenta na fome, que reparte, que não usa o pronome “meu”, mas, o pronome “nosso”.

Para que os títulos: pastor, reverendo, bispo, apóstolo, o que estes significam se todos são sacerdotes? Quero voltar a ser leigo. Para que o clericalismo? Voltemos, ao sermos servos uns dos outros aos dons do corpo que correm soltos e dão o tom litúrgico da reunião dos santos; ao, “onde dois ou três estiverem reunidos em meu Nome, eu lá estarei” de Mateus 18.20. Que o culto seja do povo e não dos dirigentes – chega de show! Voltemos aos presbíteros e diáconos, não como títulos, mas, como função: os que, sob unção da igreja local, cuidam da ministração da Palavra, da vida de oração da comunidade e para que ninguém tenha necessidade, seja material, espiritual ou social. …

Para que os templos, o institucionalismo, o denominacionalismo? Voltemos às catacumbas, à igreja local. Por que o pulpitocentrismo? Voltemos ao “instruívos uns aos outros” (Cl 3.16).

Por que a pressão pelo crescimento? Jesus Cristo não nos ordenou a sermos uma Igreja que cresce, mas, uma Igreja que aparece: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus“. (Mt 5.16). Vamos anunciar com nossa vida, serviço e palavras “todo o Evangelho ao homem… a todos os homens”. Deixemos o crescimento para o Espírito Santo que “acrescenta dia a dia os que haverão de ser salvos”, sem adulterar a mensagem”.

vi no andersonpaz.wordpress.com

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Passeio Socrático

por Frei Betto *

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir:

- "Qual dos dois modelos produz felicidade?"
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei:

- "Não foi à aula?"

Ela respondeu: - "Não, tenho aula à tarde". Comemorei:

- "Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde".

- "Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..."

- "Que tanta coisa?", perguntei.

- "Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.

Fiquei pensando: - "Que pena, a Daniela não disse: "Tenho aula de meditação!"

Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! - Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…

A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.

Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!"O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor.. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno.... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's…

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: "Estou apenas fazendo um passeio socrático." Diante de seus olhares espantados, explico: Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.

vi no http://www.verdestrigos.org

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Dança do Todo Enfiado, na creche?





Nojento, deprimente, boçal...

E o pior é que muitos pais incentivam esse tipo de situação com seus filhos.

Quem não lembra dos programas de Raul Gil e similares, onde as crianças dançavam "na boquinha da garrafa" e "segura o Tchan"? Essa pouca vergonha de expor crianças a situações assim, existe na maioria dos estados brasileiros. Aí vem o IBGE fazendo pesquisa pra descobrir porque está aumentando o número de adolescentes grávidas...

Aqui no RJ, as menininhas de 4 anos já dançam funk e cantam letras como essa:

"Dako éh bom!
Dako éh bom!
Calma minha gente, é só a marca do fogão!!
Calma minha gente, é só a marca do fogão!!
Dako éh bom!"

Lamentável...
 vi no http://www.pulpitocristao.com/2009/10/todo-enfiado-na-creche.html